Preservação de um Patrimônia Histórico.
Construção em estilo colonial do século XVI é um dos mais siginificativo conjunto arquitetônico da cidade de Itanhaém. Localizado no alto do morro Itaguaçu simboliza um registro vivo de um período da história do País. Um marco, um dos bens mais representativos da memória da América. O Convento possui objetos de arte sacra, como os Santos de Pau-ôco, azulejo português entre outros.
No início de seu povoamento, em 1532, seus primeiros habitantes edificaram no alto deste monte, uma pequena ermida de "barro" tendo sua padroeira tida como milagrosa e venerada, desde cedo, pelos romeiros que para lá afluíam vindos de vários pontos da Capitania.
O monte onde nascera o povoado, embora um pouco elevado e de pequena dimensão, está de tal sorte situado que nos permite perceber a escolha de um sítio de certo modo privilegiado, pois dele pode-se tanto avistar com facilidade qualquer ameaça vinda por mar, como servir de abrigo a seus moradores para uma razoável defesa deste que era, inicialmente, um dos pontos mais afastados da colonização portuguesa na América. "Junto à vila de Itanhaém, ergue-se um monte de regular altura, em que está edificado o Santuário de Nossa Senhora da Conceição.
Na época em que se erguia a ermida, talvez tivesse sido ali levantada para receber a imagem de Nossa Senhora. Serviu longos anos de matriz e por isso existia a seu lado uma casa para o vigário, assim continuando até 1639, quando se iniciou a construção do novo templo paroquial, com o título de Sant'ana, para o qual passou desde logo a pia batismal."
A ermida de Conceição sofreu obras em 1639, sem podermos especificar em que consistiam, e no dia 16 de janeiro desse ano chegou a Santos o Custódio dos Franciscanos para encaminhar a fundação do Convento, sendo procurado pelos habitantes de Itanhaém. Nessa época, a paróquia já funcionava na parte de baixo da cidade. A fundação foi confirmada por Alvará de 23 de fevereiro de 1654. Nas visitas que Frei Miguel fazia aos Conventos do Sul da Província, tomou a decisão de empreender uma nova construção. O cimo do morro não é muito. Faz-se nele a igreja com o frontispício para nordeste.
Colocaram-se na igreja três altares, todos eles de talha. Um dos altares laterais é de São Francisco, cuja imagem de barro queimado tem a cabeça desproporcionadamente grande e outro tem a imagem de Santo Antônio, da mesma matéria e de sofrível execução.
Os retábulos dos alteares laterais, outrora dourados, estão hoje sobrepintados. Como especialidade, pois não há em nenhuma outra igreja antiga, franciscana, nota-se o frontispício do acro cruzeiro, todo forrado com azulejos e com a imagem da Conceição no centro. A qualidade dos azulejos, com seus arabescos pintados à-mão, demonstra bem sua antigüidade. A pequena casa, feita de barro, construída ou apenas adaptada, com quatro ou cinco celas, conservou-se sem modificação durante 45 anos.
O Convento foi construído não quadrangular, mas com dois lances apenas e isto por causa da rampa de acesso. O principal lanço acompanha a igreja e a sacristia, lado da Epístola, em toda a sua extensão; tem portanto, 34 metros de comprimento. O seu pavimento térreo, que é apenas uma varanda, fica todo abaixo do nível do piso da igreja, na encosta do morro. A parede de fora descansa sobre sete arcos com singelos capitéis, correspondendo tudo a uma quadra dos claustros nos outros Conventos.
Os dois pavimentos superiores, dos quais o de baixo está ao nível do piso da igreja divididos em celas, eram os dormitórios principais. Ao lado direito do lanço descrito, fazendo face com a frente da igreja, fica anexo outro edifício com pavimento térreo e um só superior. Este está ao nível do piso do primeiro andar do lanço principal, com o qual comunica por meio de um arco.
Aquele corresponde à varanda do lanço principal e nele estava instalado o refeitório e cozinha. Em cima havia celas e sala e existem vestígios de um oratório na parede. O seu pavimento térreo, em parte cavado dentro do morro, está ao nível dos outros e nele funcionava o capítulo conventual. O primeiro andar, que de fora parece o térreo, é acessível do adro da igreja: era a portaria. No segundo andar havia uma sala, talvez biblioteca.
Com a extinção da Capitania de Itanhaém, que passou de novo para a Capitania de São Vicente, e com o êxodo da maior parte dos seus habitantes para o interior, atraídos pela fama das descobertas de minas de ouro e de pedras preciosas, os frades existentes também sentiram a decadência, escassez da renda do Convento, que os levou a irem, por sua vez, saindo para outros lugares onde pudessem ser melhor amparados.
O esforço da construção da igreja e convento pela Ordem dos Franciscanos em Itanhaém, não correspondia, todavia, à situação vivida por seus habitantes, decadente e empobrecida, sustentada por atividades meramente de subsistência. O que levou a alguns que a considerassem, já naquela época, obra "mal empregada em tal terra". Tal situação só tende a agravar-se dessa época em diante. Além da pobreza da terra, não tinham os frades, terras além do monte e parte dos terrenos adjacentes. Em conseqüência, o convento sempre manteve ali reduzido número de religiosos. Dada a situação silenciosa e solitária do Convento, julgou-se, em 1729, que era ele apropriado para ser casa de noviciado e, como tal, chegou a funcionar por dezesseis anos.
O número total de noviços desde 1729 a 1744, foi de 10 clérigos todos brasileiros e de um Irmão Leigo português. Determinou o Definitório da Ordem, no Rio de Janeiro, que a partir de então, somente o convento de Macau, no Rio de Janeiro, receberia noviços, visto que não convinha sobrecarregar uma casa que sempre vivia em muito modestas condições. A situação do Convento de Itanhaém se agrava ainda mais desde as últimas décadas do século XVIII, como de resto para todas as demais ordens religiosas estabelecidas no Brasil.
São inúmeras as queixas e relatos de perseguições submetidas todas as "Religiões" na época de Pombal. Segue-se-lhes, após a Independência, um período ainda mais difícil, com a decisão do Império de proibir a formação de novos religiosos e impedir o ingresso do estrangeiro. As ordens religiosas apenas, e muito precariamente, sobrevivem. A Província Franciscana, no dizer de Frei Basílio Rower, agoniza e morre. A restauração só viria a ocorrer com a República, em 1901. Em 1832, tem-se notícias das dificuldades enfrentadas pela população para conservação do Convento, tendo um guardião para administrar os serviços internos e externos da comunidade que mantinha exclusivamente de esmolas arrecadadas, mensalmente, do povo em geral que constituía não só em dinheiro como de gêneros alimentícios, até gado bovino e escravos eram dados ao Convento.
Em 22 de março de 1833, um incêndio destruiu grande parte do Convento. Um frei solitário, frei Santa Perpétua, que além das obrigações sacerdotais, exercia o cargo de professor particular ( não havia escola pública nessa época), lecionando do meio dia em diante, tanto a menores como a adultos, percebendo uma gratificação mensal pago pelos pais dos alunos. Isto porém, não podia satisfazer a vida atribulada do frade que, idoso e doentio, julgava-se desprezado ou esquecido pelos seus superiores, e portanto, condenado a morrer naquele soturno Mosteiro, antes cheio de vida.
Costumava o frade, nos sábados, depois da aula, mandar os alunos adultos das seis às sete horas da noite, afugentar os morcegos e suindaras que infestavam a sala do trono e a capela-mor, utilizando eles de varas, talos verdes e folhas de bananeira e ramos. Seguindo os costumes, o frade mandou os alunos procederem a faxina, dando caça aos morcegos, porém, desta vez usou propositadamente ou não, de outro imprudente processo: durante a aula, ele havia mandado, pelos escravos, fazer diversos "archotes" com folhas secas de bananeiras, amarradas nas varas e assim acesos, os alunos, inconscientemente, atalavam os lugares escuros, desde a sala do trono até a capela-mor, onde se ocultavam os intrusos animais. É preciso notar que o madeirame empregado nas construções dos forros, trono e assoalhos, há mais de um século se achavam ressecadas e carcomidas pelo cupim, com frestas, podridões e outras falhas onde o fogo dos archotes ou tochas, encontrassem combustíveis para propagar-se.
Depois de terminada a "caçada", os escravos procederam a limpeza habitual, porém não a fizeram com a exigida atenção, nos pontos referidos e isso, com a imprudência do autor, foi a origem da catástrofe que destruiu o primeiro templo construído no Brasil sob a invocação da Virgem da Conceição. Eram pouco mais de dez horas da noite, já tinha batido o sino da Matriz o toque de silêncio, quando as pessoas foram surpreendidas com o fogo no alto do morro. Assim, transportaram para a Igreja Matriz de Sant'ana os paramentos, imagens, etc.
Durante esse tempo, entre as críticas feitas pela população aos franciscanos, encontra-se a de "que parecem empenhados à porfia para sua aniquilação, um vendendo os melhores utensílios, outros consumindo as ricas jóias que serviam de ornatos à Imagem de Nossa Senhora da Conceição, nenhum cuidado dos reparos do edifício, e todos não fazendo residência". Assim, é pedido o confisco dos bens, inclusive do edifício, temendo-se que grande parte dos bens tenham sido escondidos por Frei João de S.Aleixo. Seguem-se-lhes outros religiosos até o ano de 1844, todos com recomendações de reconstruir o Convento, porém nada conseguiram realizar. A partir de então, configura-se, em definitivo, o seu abandono.
Diz um documento datado de 1 de abril de 1855 que o conjunto das edificações franciscanas "no estado atual nada serve, salvo o corpo da Igreja, que sendo obra ainda nova, mas bastante arruinada, serve como de Cemitério à pobreza do Município". Embora assim se dando, os enterramentos no Corpo da Igreja não se confundiam com outros mais antigos, de religiosos franciscanos.
O estado de abandono parece ter perdurado até cerca de 1865, quando consta que edifícios retornaram às mãos da Irmandade Nossa Senhora da Conceição, recém constituída (1860), tendo então com a ajuda do povo e contribuições que vieram de São Paulo, restaurado a igreja (mas somente a igreja) e recolocado as imagens, que haviam sido transladadas para a Matriz de Sant'ana, nos seus respectivos altares, obras essas que teriam motivado a retomada de entendimentos entre vigário e Irmandade com os franciscanos, no sentido de restituir-lhes o Convento, caso voltasse. Tendo ou não sido, nessa ocasião, restituída à Ordem Franciscana, o certo é que foi com o seu consentimento que o Arcebispo de São Paulo recebeu a posse do Convento em 1916.Em 1921, Washington Luís, amante da história do Brasil e Presidente do Estado de São Paulo, resolveu proceder uma restauração parcial, renovando o madeiramento do telhado e o assoalho.Com a criação da Diocese de Santos, passa o Convento para essa jurisdição.
Exatamente nesta ocasião, ou talvez em momento pouco anterior a esta intervenção, Mário de Andrade realiza uma viagem a Itanhaém e irrita-se ao deparar a cidade com muitos banhistas em gozo de férias. No tempo do Superior Frei Venâncio foram achadas diversas imagens pertencentes ao Convento. Soube-se que um dos vigários tinha enterrado há muito tempo diversas imagens do Convento, logo atrás da Igreja Matriz de Sant'Anna. A busca teve êxito e quatro dessas imagens ainda são conservadas no Convento. Já em 1948 grande parte do telhado e do forro ruiu por um raio, destruindo completamente a torre.
O monumento histórico, a partir de 1952, foi objeto de restauração, executada então pelo órgão de preservação federal, tendo-se porém optado por conservar parte dos edifícios conventuais arruinados, exatamente aquela que Frei Rodrigo dos Anjos tentou realizar em 1733. Existiam (como existem ainda hoje), dificuldades muito sérias a vencer no sentido de se chegar a uma definição quanto à reconstituição dessas ruínas, já tornadas - elas próprias - históricas.
A partir do fado do monumento ter sido parcialmente incendiado e ficado abandonado por longo período, e de certo modo submetido a dilapidações, tenham sido elas ou não autorizadas ou provenientes de novos arruinamentos do acaso, também sofreu possivelmente duas intervenções (1865 e 1921), das quais somente a última tem-se como certa. As obras de restauração iniciadas em 1952, previam também a reconstituição da ala conventual (ruínas da residência), incendiada no início do século XIX, conforme pode-se verificar dos estudos então efetuados. Dessa época até os dias de hoje, exigiu de tempos a tempos, obras de conservação.
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